terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Dois Segredos e Uma História

O dia começa quente, Pedro sai cedo para trabalhar, véspera de feriado ele sempre sai feliz e bem humorado. Apesar do feriado está há poucas horas, o dia de trabalho de Pedro é cansativo e tenso. Ele mal consegue trabalhar de tão exausto. Mesmo assim Pedro cumpre suas horas de trabalho e segue para sua casa. E é lá que ele é atacado por um baixo astral, uma depressão repentina. Se sentia inútil, sozinho. Todavia isso foi o deixando mais triste. Recebeu alguns convites para sair, curtir a noite, afinal de contas véspera de feriado só os fracos e velhos ficam em casa. Nesse caso, os depressivos e doentes também ficam.
Pedro é um jovem de trinta anos, bem resolvido, porém solteiro. Mora só desde que deixou os pais no sertão e veio para a capital atrás de uma vida melhor. Aqui ele conseguiu muita coisa, mais do que esperava. Responsabilidade, experiência, maturidade e respeito foram as principais conquistas de Pedro.
Deitado na sua cama deixando aquela tristeza o dominar, Pedro decidi abrir uma garrafa de água-ardente. É umas das drogas que o ser humano consome quando está se sentindo deprimido. Só assim para afogar as mágoas, e esquecer aquele sentimento ruim, de inutilidade. Foi exatamente o que Pedro pensou quando colocava a primeira dose goela abaixo. Depois da primeira foram mais algumas, o suficiente para continuar sóbrio, porém em estado de meditação.
Foi na janela do segundo andar que Pedro viu o que qualquer fuxiqueiro do bairro gostaria de ter visto. Ele até teria achado graça se a história não tivesse a ver com sua amiga, e vizinha. E também se essa história não tivesse mexido tanto com ele. Cláudia morava na mesma rua de Pedro há dez anos, tinha uma filha de quatro anos, era casada com o Gabriel, bom marido e pai exemplar. Podia-se dizer que ela era bem casada, ou pelo menos era o que aparentava. Entretanto Pedro fez uma descoberta, sem querer, do maior segredo do marido de sua amiga. Enquanto Pedro olhava para o horizonte e repensava sua vida até aquele instante, vê o movimento de Gabriel guardando a moto. Mas se espanta ao vê-lo sair a pé, quase meia-noite no relógio. Pedro fica escondido entre as cortinas e a janela, imperceptível, tentando entender o que Gabriel ia fazer na rua àquela hora.
Sem querer ser, e já sendo bisbilhoteiro. Pedro continua seguindo os passos do marido da sua amiga. E então vê Gabriel parado em frente a casa da Virgínia, sua vizinha da casa da frente. A casa parecia vazia, e Pedro não entendia porque Gabriel está parado fixamente olhando para dentro da casa. Só que então a surpresa é maior, quando minutos depois uma luz se acende. Gabriel disfarça, olhando em volta para ver se tinha alguém o observando. Pedro muito bem escondido continua sua espionagem. É quando uma porta se abre, mas não é Virgínia que sai, e sim o seu marido, Carlos. Gabriel entra na casa rapidamente. E pela sombra nas cortinas, Pedro vê os dois aos beijos.
E então descobre que Carlos e Gabriel são gays, os dois traindo suas esposas, sem dó, nem piedade. Pedro fica perturbado, querendo entender porque manter um casamento de fachada. Por que não falam a verdade? Por que eles não se aceitam, se assumem e são felizes? Por que esconder a verdade, e deixar a mentira dominar? Pedro estava passando por um dilema parecido, porém em outra situação. Ele acreditava que não dava pra ser feliz vivendo uma mentira. E então ele chegou a conclusão que não era o único que estava passando por problemas de infelicidade, não era o único vivendo uma mentira. Contudo, deixou sua ideia de suicídio de lado e foi dormir guardando dois segredos e uma história. E os segredos e histórias dele, alguém sabia e confidenciava? Foi com essa pergunta que Pedro adormeceu.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Menino Nordestino

Essa poesia foi escrita para homenagear Zé Ramalho, um cantor paraibano e de muito talento.
Ano cultural da Prefeitura de João Pessoa, tem como tema e homenagem o cantor Zé Ramalho.


Três de Outubro de quarenta e nove.
Nasce na cidade do Brejo do Cruz,
Um menino franzino, chamado José Ramalho Neto.
Mais tarde passa a ser Zé Ramalho, dos nordestinos o predileto.

Ainda menino perde o pai afogado.
Vai morar com o avô
Curso de medicina é por ele abandonado.
A música é o pivô.

Luta dia e noite pelo seu sonho.
Pense num homem risonho.
Deixa João Pessoa e vai pro Rio de Janeiro.
Passa por muito sufoco, mas sempre guerreiro.

Finalmente consegue se destacar.
Mostrando bom gosto na música.
Famoso Zé Ramalho vai ficar,
Com músicas de emocionar.

'Avohai', 'Eternas Ondas', 'Admirável Gado Novo'.
São algumas músicas que me comovo.
Me sinto igual a um povo marcado, e pequenino.
Mas me sinto feliz por admirar Zé Ramalho, esse menino nordestino.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Para minha Eterna Pequena

Viestes sem que esperássemos.
Mas quando te vi tudo fez sentido.
Na minha vida hoje és essencial.
E escolhido fui para apadrinhar-te.

Ao teu lado viro criança.
Se tudo está ruim,
É só ouvir tua voz,
Que o colorido volta ao meu mundo.

Cara a cara quando te vejo.
Louco me deixas.
Careta faço para arrancar-te um sorriso.
Quando ouço a música na tua voz, besta eu fico.

Por acaso tens um codinome.
Para uns Bia.
Para os íntimos Bea.
Para mim Joana.

Para ti já foi feita uma canção.
E como disse o poeta.
Para sempre é sempre por um triz.
Minha eterna pequena Beatriz.

sábado, 5 de junho de 2010

Douglas e o Encontro com a Morte II

Eu estava na casa da minha melhor amiga, Joana, uma mulher sensacional e super inteligente. Toda vez que a gente se encontra pra conversar, eu aprendo alguma coisa com ela. Só que nesta noite não ficamos até tarde conversando, ela estava com muito sono, e eu fiquei sozinho, sem o mínimo de sono. Sem nada para fazer na casa dela, e naquela noite de sábado, tentei assistir televisão e não consegui, então resolvi continuar lendo "Crime e Castigo" de Dostoievski...
Não mais que de repente, comecei a escutar uma respiração ofegante, como se fosse um animal com a respiração cansada. Hora ele gemia, hora grunhia, hora batia as asas freneticamente e eu não conseguia identificar o que era que estava ali bem próximo de mim. Comecei a ficar com muito medo e então não quis ver nada, fiquei apenas ouvindo. Mas a minha curiosidade aumentava a cada minuto, era algo me chamando eu tinha certeza, por isso o medo aumentava.
Certa hora a coisa parou e tudo ficou em silêncio, eu mal respirava para não fazer qualquer ruído. Quando tudo parecia calmo, eu resolvi ir ver o que era aquilo que me atormentava aquela noite. Quando fui chegando perto, já não tinha mais como voltar para onde eu estava, a cada passo tudo que ficava pra trás ficava completamente escuro. Nesse momento aquela coisa começou a se debater outra vez, e fazer muito barulho. Como eu não estava vendo, só escutando, pude perceber que era uma espécie de animal com asas... Até que tudo fica muito claro, me deixando cego outra vez, agora com o excesso de luz.
É uma luz incandescente. Dura alguns segundos e depois tudo volta ao normal... procuro aquela coisa e só o que encontro é o silêncio da noite. Procuro rastros, e quando chego perto do sofá encontro algo caído no chão... Uma carta!
Minha curiosidade é maior do que tudo e começo abrir aquela carta, meu coração bate num ritmo descompassado, o sangue ferve pelo meu corpo, ardendo pelas minhas veias. Não consegui entender nada do que estava escrito. A carta estava em códigos, e eu queria decifrar a todo custo. Naquela altura percebi que a minha noite de sono não iria rolar mais enquanto estivesse decifrando a tal carta. Ela era muito complicada, nunca tinha visto aqueles códigos, fiquei pensando quem poderia ter escrito aquilo? e por que me escolher pra entregar a mensagem? Poderia ser de um vampiro, de um extra terrestre, da tão temida morte, ou de um sei lá o que.
Mas isso não me assustava... quer dizer, tinha medo sim, mais ao mesmo tempo tinha curiosidade. Eu sempre fico pedindo coisas meio loucas, do tipo: pra que um vampiro me morda, que um ET entre em contato comigo. E eu acho que o meu pedido está pra acontecer. Vivo dizendo que sou vampiro, que sou ET... porque agora eu vou ter medo?! Vou deixar de devanieos e vou voltar para o código, preciso decifrar.

"A vida é passageira, a morte é quem te leva pro infinito...
Você me atrai muito, é leve, mas ainda não está no momento certo.
Tem muita coisa pra resolver... Mantenha a calma, respire fundo e entre de cabeça.
Felicidade é pra quem tem coragem, pra quem arrisca.
Estarei sempre por perto, te observando..."

Era esse o conteúdo da carta. Cheguei a conclusão de que foi a morte de novo, e dessa vez ela não queria, ou não podia aparecer. Mas bem que podia ter assinado. Mas o fato é que o conteúdo me deixou chocado quando dizia que ainda vou sofrer muito, mas a felicidade só alcança quem tem coragem, quem acredita e arrisca... que tipo de sofrimento será?!
Fiquei com um pouco de medo das últimas palavras "Estarei sempre por perto, te observando..." O que isso quer dizer? Não gosto nem um pouco da sensação de estar sendo vigiado, odeio em saber que tem pessoas me olhando. Mas vou encarar, ter coragem e entrar de cabeça, afinal de contas, não é isso que pede na carta?! Adoro aventuras... Vou ficar esperando outro contato, outra notícia, algum sinal de fumaça.
Da outra vez a morte apareceu com várias rostos diferentes, mas porque dessa vez ela nem apareceu? Será que foi ela mesmo? As dúvidas ainda pairam no ar, e agora é esperar outro contato.
Difícil vai ser eu voltar a me concentrar em Dostoievski.