sábado, 5 de junho de 2010

Douglas e o Encontro com a Morte II

Eu estava na casa da minha melhor amiga, Joana, uma mulher sensacional e super inteligente. Toda vez que a gente se encontra pra conversar, eu aprendo alguma coisa com ela. Só que nesta noite não ficamos até tarde conversando, ela estava com muito sono, e eu fiquei sozinho, sem o mínimo de sono. Sem nada para fazer na casa dela, e naquela noite de sábado, tentei assistir televisão e não consegui, então resolvi continuar lendo "Crime e Castigo" de Dostoievski...
Não mais que de repente, comecei a escutar uma respiração ofegante, como se fosse um animal com a respiração cansada. Hora ele gemia, hora grunhia, hora batia as asas freneticamente e eu não conseguia identificar o que era que estava ali bem próximo de mim. Comecei a ficar com muito medo e então não quis ver nada, fiquei apenas ouvindo. Mas a minha curiosidade aumentava a cada minuto, era algo me chamando eu tinha certeza, por isso o medo aumentava.
Certa hora a coisa parou e tudo ficou em silêncio, eu mal respirava para não fazer qualquer ruído. Quando tudo parecia calmo, eu resolvi ir ver o que era aquilo que me atormentava aquela noite. Quando fui chegando perto, já não tinha mais como voltar para onde eu estava, a cada passo tudo que ficava pra trás ficava completamente escuro. Nesse momento aquela coisa começou a se debater outra vez, e fazer muito barulho. Como eu não estava vendo, só escutando, pude perceber que era uma espécie de animal com asas... Até que tudo fica muito claro, me deixando cego outra vez, agora com o excesso de luz.
É uma luz incandescente. Dura alguns segundos e depois tudo volta ao normal... procuro aquela coisa e só o que encontro é o silêncio da noite. Procuro rastros, e quando chego perto do sofá encontro algo caído no chão... Uma carta!
Minha curiosidade é maior do que tudo e começo abrir aquela carta, meu coração bate num ritmo descompassado, o sangue ferve pelo meu corpo, ardendo pelas minhas veias. Não consegui entender nada do que estava escrito. A carta estava em códigos, e eu queria decifrar a todo custo. Naquela altura percebi que a minha noite de sono não iria rolar mais enquanto estivesse decifrando a tal carta. Ela era muito complicada, nunca tinha visto aqueles códigos, fiquei pensando quem poderia ter escrito aquilo? e por que me escolher pra entregar a mensagem? Poderia ser de um vampiro, de um extra terrestre, da tão temida morte, ou de um sei lá o que.
Mas isso não me assustava... quer dizer, tinha medo sim, mais ao mesmo tempo tinha curiosidade. Eu sempre fico pedindo coisas meio loucas, do tipo: pra que um vampiro me morda, que um ET entre em contato comigo. E eu acho que o meu pedido está pra acontecer. Vivo dizendo que sou vampiro, que sou ET... porque agora eu vou ter medo?! Vou deixar de devanieos e vou voltar para o código, preciso decifrar.

"A vida é passageira, a morte é quem te leva pro infinito...
Você me atrai muito, é leve, mas ainda não está no momento certo.
Tem muita coisa pra resolver... Mantenha a calma, respire fundo e entre de cabeça.
Felicidade é pra quem tem coragem, pra quem arrisca.
Estarei sempre por perto, te observando..."

Era esse o conteúdo da carta. Cheguei a conclusão de que foi a morte de novo, e dessa vez ela não queria, ou não podia aparecer. Mas bem que podia ter assinado. Mas o fato é que o conteúdo me deixou chocado quando dizia que ainda vou sofrer muito, mas a felicidade só alcança quem tem coragem, quem acredita e arrisca... que tipo de sofrimento será?!
Fiquei com um pouco de medo das últimas palavras "Estarei sempre por perto, te observando..." O que isso quer dizer? Não gosto nem um pouco da sensação de estar sendo vigiado, odeio em saber que tem pessoas me olhando. Mas vou encarar, ter coragem e entrar de cabeça, afinal de contas, não é isso que pede na carta?! Adoro aventuras... Vou ficar esperando outro contato, outra notícia, algum sinal de fumaça.
Da outra vez a morte apareceu com várias rostos diferentes, mas porque dessa vez ela nem apareceu? Será que foi ela mesmo? As dúvidas ainda pairam no ar, e agora é esperar outro contato.
Difícil vai ser eu voltar a me concentrar em Dostoievski.