quarta-feira, 7 de maio de 2008

Minha Heroína

O dia amanheceu e tudo parecia corriqueiro, sem nenhuma novidade, sem nada extra pra acontecer; um dia normal cheio de preocupações e um pouco corrido... Jamais imaginava que estava preste a conhecer a salvadora do meu dia; Aquela que ia fazer dele o mais agradável, o mais saboroso.

Acordei tomei um café da manhã rápido, mal deu pra sentir o gosto do café, resolvi alguns problemas pela manhã. Deu meio-dia, estava com uma fome “de Leão”, também pudera, mal tinha me alimentado, mas quando comecei a almoçar veio logo um enjôo, e eu dei apenas algumas “beliscadas” naquela que era pra ser a refeição mais apetitosa e gostosa do dia. A tarde foi tranqüila, após o almoço descansei um tempinho e depois fui fazer exercícios físicos pra ver se alegrava o meu dia e dava disposição para continuar seguindo em frente, pois ainda faltava muito pra acabar aquele dia corrido e estressante.

Enfim, cheguei em casa no final da tarde, e até então tudo normalíssimo. Mas aí minhas primas me convidaram para dar uma volta no shopping, a princípio pensei em recusar, não queria ter mais decepções; e ficar em casa seria a única forma de evitar esse tipo de constrangimento. Porém diante de tanta insistência e pedidos quase que chorando, eu pensei melhor: “Por que não tentar?” Dá uma chance pro dia que tinha nascido tão lindo na janela do meu quarto; e fazer programa de “perua” [bater perna pelo shopping] deveria ser muito bom pra eu me distrair e saber como as mulheres se sentem indo passear num lugar fechado e cheio de gente só mesmo por não ter nada o que fazer; Até que decidi então aceitar.

O Sol estava quase desaparecendo no horizonte quando saímos de casa. Até que a natureza me inspirou um pouco e me fez refletir que tinham coisas perfeitas, coisas belas, coisas para serem apreciadas e observadas com um olhar especial. O OLHAR que muitas vezes não usamos devido à correria do dia; e mal sabemos nós que perdemos muita coisa em não usá-lo. Com aquela cena esplendorosa que havia presenciado, algo dentro de mim surgiu como que dizendo: “O dia ainda não acabou e muitas coisas podem acontecer”. Foi com esse sentimento de esperança que segui para o shopping.

Chegamos lá, aparentemente tudo tranqüilo, mas dentro de mim algo remexia, fazia ruídos e eu não sabia explicar o porquê daquilo estar acontecendo. Entramos numa loja e ficamos um tempão dentro da mesma. Onde as minhas primas escolhiam e provavam roupas e mais roupas. Vamos combinar que estar como espectador daquela cena é muito ruim, onde temos que ficar apenas dizendo: “Esse ta bom... Não esse ta feio... aquele é mais bonito!”. O bom mesmo é ser o modelo, porque pelo menos você sente que está fazendo alguma coisa útil, não que dá opinião não seja útil, entretanto quando se trata de roupa, o melhor mesmo é ser o arquétipo. Mas enfim, depois dessa loja, entramos em outra e mais outra e mais outra, e aquela agonia toda dentro de mim não passava. Isso permaneceu até entrarmos numa livraria, onde eu me perdi na multidão de livros que tinha ao meu redor. Até que chegou perto de mim uma criatura que fez as minhas pernas tremerem e um calor subir. Quase não me concentrava nos livros que estava vendo, o meu olhar percorria a livraria atrás daquela vendedora que tinha mexido com os meus sentidos. E eu pegava um livro atrás do outro, perguntando o preço, sabendo que não ia comprar nenhum, mas fiz tudo isso só pra ouvir aquela voz maravilhosa, e tê-la sempre ao meu lado durante o tempo que estaria ali. E quem foi que disse que eu queria sair mais da livraria!? Até que minha prima disse: “Vamos Lhéo! Estou com fome e quero comer!”. Aquelas palavras fizeram quebrar todo o meu encanto e então toda a agonia voltou. E eu pude perceber que tinha algo mais importante pra acontecer no meu dia. Mesmo assim, saí dali meio desnorteado e cheio de dúvidas sobre aquela agonia sem fim.

Chegamos na praça da alimentação, escolhemos uma mesa discreta onde podíamos ver todo o movimento das pessoas que iam e vinham com sacolas e mais sacolas nas mãos. Já instalados pairava agora a dúvida sobre o que e onde comer, estava me sentindo uma ilha no meio de tantas comidas com um aroma delicioso e com aparências de tirar o fôlego. Perante isso, lembrei que mal tinha me alimentado durante o dia e aí pensei que toda aquela agonia e ruídos vindos de dentro de mim poderia ser fome. Então eu e minha prima decidimos comer tapioca. Mas o difícil agora era escolher o sabor. Eu disse: “Vou escolher um sabor que ainda não provei”. Fizemos o pedido, e eu na expectativa e na ansiedade para provar aquela iguaria. Será que é boa? Será que vou me arrepender de ter escolhido esse sabor? Será que é enjoativo? Todas essa perguntas, sem respostas até então, vinham na minha mente durante a chegada da tapioca na minha mesa.

Pronto. A tapioca está bem na minha frente, dava pra ver que estava bastante recheada, pois o recheio saía pelas beiradas. A minha expectativa aumentava, um aroma delicioso entrava pelo meu nariz e conseqüentemente dava uma água na boca. Tudo isso era pensado em fração de segundos; percebia que as pessoas que estavam comigo me olhavam atentamente como que para não perder um momento sequer daquela primeira mordida. Eu sentia aquela fumaça cada vez mais próxima, meu coração acelerava. Até que...MORDI, e não conseguia falar nada mais do que apenas: HUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM...
Era todo e qualquer som que eu conseguia emitir enquanto destroçava a tapioca, aquele momento eu tenho certeza que foi único. O primeiro contato com a TAPIOCA DE PRESTÍGIO, eu tive um orgasmo culinário e disso não tenho dúvida. Todos na mesa ficaram com água na boca, e eu não conseguia oferecer, não conseguia desgrudar daquela DE-LÍ-CI-A. E quanto mais eu triturava entre os meus dentes, podia sentir o gosto do recheio e ao mesmo tempo identificar os ingredientes do qual ele era composto. Era chocolate, com coco e com queijo misturado à goma da tapioca. Combinação perfeita, que leva qualquer um ao delírio.
O meu dia foi salvo graças aquela iguaria. Dormi sentindo o gosto dela em minha boca. E eu que pensava que quem seria a salvadora do meu dia seria aquela vendedora, estava completamente enganado, jamais imaginaria que a Tapioca de Prestígio era a grande heroína.

Ainda sinto o seu gosto doce na minha boca... Um sabor que vai permanecer durante muito tempo no meu paladar até o nosso próximo encontro.

VALEU!!